Ciclista Vencedor

Amigos, todos sabemos que o ciclismo é um esporte implacável com ciclistas “generalistas”, i.e. que não são especialistas em nenhuma das especialidades do esporte.

Para ganhar corridas com frequência o ciclista tem que ser um grande:

  • Sprinter
  • Escalador
  • Passista-rolador

Dentre estas eu destaco o sprint. Todos nós já nos cansamos de ver grandes ciclistas estarem sempre entre os primeiros, mas raramente como o Primeiro. E por que? Porque o sujeito é incapaz de sprintar! Se disputar com um poste…perde. E na minha opinião existem dois bons motivos para isto:

  1. Falta de aptidão física, i.e. fibras musculares, porte físico, etc.
  2. Falta de senso tático, i.e. a cabeça não pensa direito na Hora H
  3. Falta de treino, i.e. “não gosto de sprint, sou escalador…e não treino sprint”

Durante um curto período de tempo eu fui técnico de ciclismo e não perdoava nem o melhor montanheiro do time: todos tinham que treinar sprint! – até porque eu semprei adorei sprintar em fim de treino! rsrs Meu argumento: “O que adianta largar numa prova com 150 competidores, atacar brutalmente na montanha, manter um rítmo forte…e perder no sprint para o único cara que te acompanhou até o final?”

Este post foi inspirado no último artigo. Alí tem uma grande figura do nosso esporte dos anos 80 que ganhou umas poucas belíssimas corridas, mas que perdeu infinitas outras por sprintar muito mal. Seu nome: Claude Criquielion, da Bélgica.

Se vocês olharem o curriculum dele, verão o festival de “pódiuns” em algumas das mais importantes corridas do calendário. Por exemplo, cansou de perder para o italiano Moreno Argentin, que era um espécie de ‘Criquielion veloz’. É só ver a diferença de curriculum. E por sprintar bem (sem ser um sprinter de pelotão) ganhou muito mais.

Nos anos 90 tivemos grandes, gigantescas feras que escalavam demais – e ganharam Grand Tours -, mas que por conta da falta de sprint ganharam muito menos Etapas, e corridas em geral, do que o talento que tinham permitiria. Exemplos? Que tal Miguel Indurain, Bjarne Riis e Jan Ullrich? Por outro lado, ‘il diavolo’ Claudio Chiappuchi era muito rápido no sprint e estragou algumas festas de vários destes Grandes. O também italiano Gianni Bugno é outro excelente exemplo: escalava tão bem que ganhou um Giro e fez dois pódiuns no Tour, mas também ganhou dois Mundiais em sprints de pequenos grupos e até um Tour de Flandres em cima do muito veloz Museeuw!

Um grande ciclista de Clássicas duras, mas que venceu poquíssimo por sprintar mal, foi o simpático e recém-aposentado holandês Michael Boogard, da Rabobank. Se ele tivesse um sprint melhor teria vencido o Amstel Gold Race umas 5 vezes! Ok, há um certo exagero aqui…rsrs…mas não teria vencido apenas 1 vez!

Atualmente temos o passista espanhol Juan Antonio Flecha. Forte como um cavalo, está sempre ciscando e quase nunca ganhando – há quem diga que vence pouco porque é inteligente como um jegue (eu discordo). O oposto dele é outro espanhol: o atualmente suspenso Alejandro Valverde. ‘Balaverde’ é um escalador forte, mas tem ótima explosão e dificilmente perde uma chegada na montanha. Na mesma linha temos o complicadíssimo italiano Ricardo Riccò, que arranca forte e sprinta como velocista na alta montanha.

Enfim, se você é ciclista forte, está sempre entre os primeiros, mas não é tão forte para escapar sozinho, TREINE SPRINT TODO DIA!! Funciona!

Convite: busquem na memória outros nomes que possam compor esta galeria de grandes ciclistas pouco vencedores por falta de velocidade no sprint.

Abraços + Sucesso,

Fernando

About Fernando Blanco

Apaixonado por ciclismo há mais de 30 anos, começou a pedalar em 1977 em Santos, tendo corrido para valer até os 20 anos de idade, quando coisas 'banais' como faculdade, carreira executiva, casamentos e filhos atrapalharam um pouco...agora, como Senior B, está treinando forte e pretende compensar o tempo perdido. Como ciclista foi um bom sprinter, chegando à pré-convocação da Seleção Brasileiros de Juniores em 1979. Se a carreira como ciclista não foi grande coisa, a coleção de revistas locais e internacionais (mais de 1.000) e de videos/DVDs (mais de 100) proveram bastante cultura sobre o ciclismo profissional. Provas internacionais acompanhadas ao vivo: Mundial de Estrada ('07), Mundial de Pista ('89), Tour de France ('97 e '02), Liège-Bastogne-Liège e Flèche Wallone (ambas em '92), Paris-Nice ('97), Ronde van Belgie (´89).
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13 Responses to Ciclista Vencedor

  1. Leandro Bittar says:

    Ivan Basso tem cola no selim. Num levanta de jeito nenhum. E isso não tem impacto só no sprint, como tb nas montanhas, na hora dos ataques.

    • Perfeito duas vezes, Leandro. Na história do ciclismo volta e meia surge um grande escalador, que tem as mesmas qualidades de seus principais rivais, mas que arranca e acelera rapidamente. Depois que abriu segue num rítmo normal e ganhar a etapa e Tour.

      Bartali era assim e fazia Coppi sofrer. Lance e Contador são dois desta mesma espécie. O texano destruiu a carreira de Ullrich fazendo isso ano após ano. Nos anos 80 Pedro Delgado era assim e só não ganhou muito mais Grand Tours por ser irregular e um tanto azarado. No início dos 90 esta primazia era do Chiappuchi

  2. Eduardo says:

    Fernando,
    Falando em história do ciclismo, fui acessar o site da CBC e procurar os campeões brasileiros anteriores e, para minha surpresa, só consegui descobrir o resultado de 2010, nem os mais recentes campeões Arseno-09, Valcemar-08 estavam lá. Wikipedia para resultados nacionais tb não ajuda muito. Conhece algum site com informações de resultados nacionais anteriores?

    • Leandro Bittar says:

      O melhor site para encontrar o registro dessas competições é o ss.esp.br, um site gaúcho que atualmente está meio fraco.

      Busca o evento, clica em uma matéria e ele te oferece o link para as informações de anos anteriores.

      É pentelho, mas ajuda.

  3. José Carlos SBC/SP says:

    Gosto do Gilbert, ataca sempre o começo do km final da prova (com leve inclinação ainda, quase imbatível).
    Falhou atacando na penultima volta no mundial, se tivesse atacado na ultima, ele estaria com a arco iris agora, prova que não basta ter força nas pernas, é preciso tambem correr com a cabeça e atacar na hora certa.

    • Craque dos bons e está fazendo história!! Já falou que quer o Tour de Flandres este ano. Se ganhar, meu Deus, que coleção que vai acumulando!!
      Me tira uma dúvida: eu acho que ele atacou na última volta, mas na penúltima subida do circuito quando deveria ter atacada na última. Acho que isso. Abs!

      • José Carlos SBC/SP says:

        É isso aí Fernando, qdo disse penultima volta, leia-se, penultima subida, ou seja, se tivesse um pouco mais de paciência, levava a prova.

  4. Eduardo says:

    Tem razão. Até 2004 tem alguma coisa p/ pesquisar. Valeu a dica!

  5. Juca says:

    Bom, mas se o Boogard foi mais sprintista e menos “classicomano” talvez nem ganhasse a Amstel de 99… com excessão da derrota para Zabel que era sprintista que aguentava bem as subidas (depois fez um mea culpa e admitiu que curtia um EPO, talvez para ajudar nas subidas) as outras derrotas (Bartoli*, Di Lucca, Vinoukurov, Rebellin- tudo gente boa né?!) foram pra caras de clássicas… alguém tem que perder né?

    • Então Juca, o Boogard perdia entre pares…e muito. Alguém tem que perder, mas não precisa ser sempre o mesmo, né? O Basso, com bem apontou o Leandro aí embaixo, é a mesma coisa nas montanhas. Enfim, o assunto gera uma boa controvérsia e isso é bom!! 🙂 + Abs

  6. Leandro Bittar says:

    E falando em perder para seus pares, e o Bennati?

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